terça-feira, 31 de agosto de 2010

Miséria do Ser-sozinho

"- Precisar de dominar os outros é precisar dos outros..."

Que se entenda esse "precisar" com uma semântica de dependência doentia. Doença de caráter intencional de quem adoece. Vício de comparação. Mais do que simplesmente se basear, donde se promove esforço próprio, para si próprio, com o portanto de se consolidar, esforça-se e estimula-se o esforço alheio, resultando na transformação de fora e servindo-se disto, numa dinâmica maquiavélica, a doses mixadas de frieza e manipulação diárias. Afinal, constatar que já não há mais publico para sua vida faz chacoalhar o mal adormecido. Provoca o esquecimento dos meios diante do sujo e tentador fim. Fermenta a fraqueza psíquica que só findará numa explosão de vazio. E depois o que sobra é o que não existe mais. É o que precisa ser reconstruído. São detritos, significados amorfos. Para isso, as conseqüências tem de ser assumidas. Mesmo porque, a bondade, a partir de um certo momento, deixa de ser inocência.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Afinidade espiritual

"O Coração tem razões que a razão desconhece"

Viver e aproveitar o momento parecia ser a sentença de se restringir a ele. Meu coração queria mais. Ele queria garantir, preservar. Ele queria tornar possível dividir toda intensidade do sentimento em cada dia, cada hora, deixando que se anestesiasse o ser com sua completude. Só que a razão sabia. Ela sim sabia que controlar o mundo é tão difícil quanto falar sobre a morte. Lutar contra o movimento da vida é esquecer de como o ser chegou até ali. Paradoxalmente, mais valia talvez se deixar levar pelo princípio do prazer, que ser escaldado com o princípio de realidade. Mais valia a intensidade que o tempo. Se me perguntar, vou dizer que sempre soube e sempre reconheci isso como o jeito "certo" de fazer fluir o sentimento através do corpo. Mas diante da grandeza de emoções, o que conheci foi seu imprevisível modo de agir. Descobri que a razão nem sempre é mais ponderada e menos impulsiva que o coração. Ao final de toda neblina, sinto a dor do arrependimento, da culpa, da efemeridade da existência, frente aquele valioso momento. Mas sinto também uma felicidade, o prazer do alinhamento de desejos do espírito, que fez vivenciar outras possibilidades de ser no mundo. Tinha certeza que procurávamos a mesma coisa. Mais certo ainda é que continuamos a procurar outras coisas. Quem sabe um dia os mundos não se alinhem de novo...

"Viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois. Só a dois."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Rabiscar! Depois do começo, o meio pro fim...

Faíscas dos poros

Meu amor é capaz de amar
Meu amor é capaz de ceder
Ele é capaz de sonhar
Embora destine a perder

Meu amor é capaz de poupar
Meu amor é capaz de entender
Só não é ele capaz de chorar
Sabendo que ama a você

Enquanto o fogo arder
Meu corpo não irá conter
As palavras vão esquentar
O gelo que se enveredar

Meu amor é um privilégio, que só você pode desfrutar
Aproveite! Desfrute essa dor! Até, enfim, a poesia acabar.

sábado, 7 de agosto de 2010

Luz aos pensamentos...

Interessante como historias de vida deixam consequências e ditam o percurso do amanhã. Se deparar a primeira vez com um fato é que o faz realmente perceber que ele é possível de acontecer. Antes, é tudo mera abstração, papo de filisteu. Você ouve, sabe que existe, mas aquilo não te toca. Ou melhor, não te mostra as consequências. Sem se importar muito, acreditando na coerência do mundo, você trilha seu caminho. Mas acontece que as decepções nunca vivem a margem. As decepções são condição primordial para se viver. Para a qualidade e quantidade de experiências que a existência exige que se tenha. Quando jovem, geralmente vivemos sedentos por vida, por sensações, cercados e deslumbrados com tanta coisa inédita. Não tivemos tempo ainda de pensar como elas se dão no mundo, como o outro pensa. Além disso, não há disputa por coisas tão cruciais e serias. Depois, mais maduro, a competição do mundo se amplifica. Isso porque envolve coisas e assuntos bem mais complexos e edificantes. Tanto dentro, quanto fora do ser. Tanto legitimas quanto representativas. E temerosas são as marcas pós a batalha. Irreversiveis, com certeza. uma das ideias que Sartre tinha na cabeça ao dizer que o inferno são os outros decerto era essa: a da disputa de espaço no mundo imaginário, tão fechado e pequeno em relação ao grande mundo. Minhas atitudes tem no outro o grande motivo. As degladiações frias entre os sujeitos são um câncer no real, uma resposta possível ao impossível que é a vida. Não há o correto. As pistas são mentirosas. Porém, você tem que se posicionar diante de tudo. Movimentar-se sempre. Caberá a cada um engrandecer ou diminuir esse mundo imaginário. A maioria opta pelo descomplicado. Possuem mundos de novela, com elenco limitado e figurantes sem sal e sem rosto. A referencia é e sempre será o desejo. Aquele que é acima de qualquer suspeita. E, logicamente, em conseguinte, o grande culpado. Ao pagar pra ver, paga-se o resto da vida. Isso é o que constatamos. Mas constatar é diferente de aprender. Como domar as vontades? Aumente o seu mundo. O crescimento esta aí.

"E são tantas marcas
que já fazem parte
do que sou agora
mas ainda sei me virar"