Viver e aproveitar o momento parecia ser a sentença de se restringir a ele. Meu coração queria mais. Ele queria garantir, preservar. Ele queria tornar possível dividir toda intensidade do sentimento em cada dia, cada hora, deixando que se anestesiasse o ser com sua completude. Só que a razão sabia. Ela sim sabia que controlar o mundo é tão difícil quanto falar sobre a morte. Lutar contra o movimento da vida é esquecer de como o ser chegou até ali. Paradoxalmente, mais valia talvez se deixar levar pelo princípio do prazer, que ser escaldado com o princípio de realidade. Mais valia a intensidade que o tempo. Se me perguntar, vou dizer que sempre soube e sempre reconheci isso como o jeito "certo" de fazer fluir o sentimento através do corpo. Mas diante da grandeza de emoções, o que conheci foi seu imprevisível modo de agir. Descobri que a razão nem sempre é mais ponderada e menos impulsiva que o coração. Ao final de toda neblina, sinto a dor do arrependimento, da culpa, da efemeridade da existência, frente aquele valioso momento. Mas sinto também uma felicidade, o prazer do alinhamento de desejos do espírito, que fez vivenciar outras possibilidades de ser no mundo. Tinha certeza que procurávamos a mesma coisa. Mais certo ainda é que continuamos a procurar outras coisas. Quem sabe um dia os mundos não se alinhem de novo...
"Viver a liberdade, amar de verdade, só se for a dois. Só a dois."
Nenhum comentário:
Postar um comentário