terça-feira, 25 de outubro de 2011

Amor sem tempo

Que devo amar em você?

Os olhos negros e foscos, que me espelham e descascam até as vísceras?
A malícia disfarçada de quase pureza?
A sua história, suas lembranças em mim?
A expressão indignada de menina no corpo de mulher?
O enigma do seu timbre?
O poder de minorar e dar contorno a perfeição?
A perseverança polida do seu nome?
Aquilo que alcanço, aquilo que entendo em você?
Aquela confidência, aquela incoerência?
O seu poder de me culpar?
O inferno da sua ausência e presença?
A benevolência com que a natureza te trata?
As suas mãos e unhas pálidas?
A intensidade mórbida?
O dom inefável de saber do choro de sua alma, dia após dia?
A esperança?
O grito de distância valorando o enredo?
O atraente destino?
As feridas abertas e as cicatrizes?
O Inexprimível acontecimento "eu e você, aqui"?

Ou apenas nada disso? Ou apenas tudo isso?

Sigo! Siga! Segue o gosto agridoce da sua presença, perfurando e cruzando qualquer fase, contexto ou mundo que eu viva.

E no fim, enfraqueço o corpo; ardo a alma.


O que já amei, o que amo, o que amarei...
Todos juntos, clamam: Que devo amar em você?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Por que não se aproximar e singularizar?

Bem-vindo a uma humanidade do impulso.

O nada e o alguma coisa se encontram e adventa o ser humano. Ente ansioso por "conhecer", se contamina com a felicidade e a calmaria do saber. Saber pronto (Saber e Pronto!). Saber que é verificável. Vai lá, dá uma olhadinha, aperta, joga, quebra, usa, mede, calcula e pronto. Ideia e coisa harmonizadas e surge aquela empolgação, aquele calor no corpo e uma sensibilidade divina! Ufa! Já sei construir o mundo que me foi dado, já sei ser feliz e já tenho ideais sólidos!

E começam a surgir as contradições. A lógica vai indo pro espaço e nada mais faz sentido. A angústia cresce e as questões - e o vazio - sobre a vida retornam.

- Peraí: Por que sinto felicidade se essa situação é triste? Porque não me sinto culpado por este crime? O que é um verdadeiro ideal? Como saber se é por isso mesmo que vale viver? Aliás, Como saber que se pode saber? Como se sabe que se pode saber sobre o saber e saber que aquilo é, de fato, saber sobre algo? A dúvida suscita esforço, combustível, empolgação e... tanto desânimo! A dúvida é eterna? Que brincadeira de mal gosto da divindade! Que liberdade enclausurante! Um labirinto de paredes tão extensas e distantes que é impossível vê-lo do mesmo plano que estes ou aqueles olhos. Vou subir. Vamos subir! Subam o quanto quiserem, voem, projetem-se no céu e então veremos o labirinto.

Foram e voltaram. E cada um contou a respeito de um labirinto diferente...

- Não há qualquer coisa que faça completar meu espírito...e vai ficar por isso mesmo? Que desesperador! Que seja decretada e instaurada a purificação do saber, já! Banhem já poética e artisticamente este lugar. Contem a história de trás pra frente, olhem com os ouvidos e respirem fundo pela pele. Seja alguém se reconhecendo ninguém. Minta! Minta quando o assunto for algo que já é. O já é ja era. Ande ou corra saltando e nunca, nunca pare! Chega, chega de fixar as coisas! Seja 100% transitório! Enlouqueça e neutralize esse vazio do peito que de nada nos serve!

E assim pendulamos, indo de uma certeza a outra. E assim perduramos no sofrimento. Por que oito ou oitenta? Por que ficar com o tudo ou o nada, se tudo e nada são a mesma coisa quando se olha do mesmo lugar? Por que não encostamos em nossa existência? Por que abrimos mão da riqueza de singularizar, de notar as possibilidades ocultadas no entre, desafogar, e ver realmente diferente?

Aonde está a nossa presença?

terça-feira, 30 de agosto de 2011

História com fim

E a morte, hein?

Presente e insistente, a morte é a única que nunca morre. Indefinida e indefinível, nos oferece certezas e incertezas.

Discreta para a maioria no exato momento em que escrevo e em que você lê esse texto, quando aparece, aparece e fica por generoso tempo. De discreta a exibida, quase escancarada. É assim quando a sentimos perto. Seja noutro, seja em nós. E senti-la mais aflorada representa um choque de reflexão, uma interferência no anestesiamento de qualquer mundo, o sinal oriundo da divindade lembrando do engano da linearidade.

Difícil compreender que o sorriso de um dia, sumiu. Que as promessas e os projetos jamais deixarão de ser apenas pensamento. Que o tudo virou nada possível. Um desafio para nós sermos jogados ao mar das incertezas, ao oceano das possibilidades, sem uma ilha sequer. É lá que a morte nos joga. Mas não porque seja má por si só, mas porque "lá", existe. Lá existe, ali e aqui do lado, a todo tempo. Faz parte. A morte simplesmente passa e descortina nossa fronte. Deixa um rastro branco, limpo de doer os olhos e a mente, e nos tira do repouso. Indica o fim da história, mas força também sua continuação. Desgasta e desbota a realidade, mas fará lembrar, em algum momento ulterior, que uma chama extinguiu, mas o fogo ainda existe. Sua chama existe! Ela persiste e exige pressa! Pois ela, assim como a outra, finda.

Finda! E findará sempre brigada com a razão. Porque razão e vida são inimigas! De bandeira branca, claro. Mas somente até que a morte anuncie o conflito explicito e ponha fim a guerra fria. A batalha então, em grande porção das vezes, é árdua e longa. Mas possui toda nobreza. Traz robustez, oferece construção, oferece profundidade para o espirito. Oferece a visão dos espaços para os quais você pode - e deve - expandir. E oferece, por fim, ao menos, um aperto de mãos entre razão e vida, com menos mágoa e angústia.

Morte, sua certeza inibe todas as outras certezas e ainda consegue erguer e fazer viver. Imagina a vida sem a morte? Que sentidos teria? Nem sei se vida seria...

sábado, 13 de agosto de 2011

Uma vida em duas

Um espaço 3x4 preenchido pela luz e o silencio da tv. Imerso numa história sem tempo e sem calor. Uma noite de solidão, dentro e fora do pensamento. Foi assim que se deu o sono, foi assim que adormeci.

E foi assim que o tempo apareceu. Foi assim que ele passou. Tudo porque surgiu uma vida. Um sonho despretensioso, um algo 'alguma coisa' que não tinha planos de aparecer. Estava tudo antes tão sereno. Sereno daqueles bem perigosos, bem sem cor. E eis que como uma balde cheio de tinta, o sonho encharcou o nada e me colocou de volta a história. Sabendo-me eu, e sabendo-me poderoso, comecei a sentir uma pontinha de empolgação. Como água que invade o corpo sedento, senti cada extremidade, pulsando. Podia sentir a irritação. Mas junto a ela o prazer de senti-la. Custei a entender o que se passava. Parecia uma imagem vivida no futuro. Uma erupção de elementos familiares para mim, mas não entre si, que se harmonizavam. Um surgir, parecido com aquele que se imagina ser o último surgir. Um surgir seguro, transbordado de certeza. Por mais que não soubesse o que iria acontecer ali, o coração pulsava na cadência da segurança. As paredes não possuíam tijolos ou concreto, apenas a luz de uma absoluta verdade de que eram paredes. Os móveis, suas disposições, eram iguais. Mas todos carregavam suas histórias ali a saltar os olhos. Tinham o tamanho de suas vivências e experiências. Era possível ser excitante aquilo. Era possível estar no comando. Era possível não se afetar com as facticidades ocultas. Era plenamente possível sorrir. E sorri. Sorri muito. Sorri para os outros, como numa infância. E como numa infância, todos estavam a vontade para brincar e jogar. Embora tenha percebido que sorrir também fazia parte do jogo, não me preocupava em saber se isso seria bom ou ruim. Afinal, na minha intuição só havia um comportamento possível, só havia um sentido de expressão de mim. Sorrir era ser. E desprovido de qualquer arma, capa ou truque, fui sendo e fui jogando com minha história. Imaginando no acontecer do que nunca iria acontecer. No que foi dado como bondade para mim e que havia sem relutância rejeitado. Foi aí então que, tal qual o súbito do faiscar, procurei sem querer alguém e achei justamente quem queria. Olhei diretamente pra sua boca e seu sorriso, seus dentes a insinuar a perfeição e seu júbilo explosivo, empurrando as bochechas. Só quis me aproximar e o fiz. Queria descobrir sua fragrância, queria fazer mudar o destino que berrava a mim consumado. fui me chegando e o calor foi me moldando. Fui ganhando corpo, ganhando contornos, ganhando humanidade. Me aproximei definitivamente e sua boca ficou séria. Pude entender a mensagem contida naquela diferença. Ergui meu rosto, toquei seus lábios. A beijei! Pude ver então seus olhos sorrindo, marejados. Que veemência! Pude ver a mim dentro dela! Além de sentir o carinho e a pureza daquele olhar, pude ver em matéria toda minha alegria. Inimaginável sequer supor que toda aquela imensidão de felicidade pudesse ser ocultada, pelo que quer que seja...
...Mas foi. Senti um choque e uma pontada. Senti minha própria traição, senti a lucidez sólida, a presença de um escândalo. O sofrimento coerente ao descortinar de um erro de uma eternidade, vindo a tona. Lembrei do que me fazia morrer a cada dia: de que não podia vê-la dentro de mim! Lembrei que não existia somente euforia e excitação aqui dentro. Lembrei de tudo que além daquelas primeiras sensações, daquele deleite pleno, existia. Agora tudo, além daquilo, existia. E não podia amá-la. Não podia senti-la. E novamente, não pude amá-la e senti-la...

Acordei.

Soubesse eu que viveria intensamente duas vidas, e que as teria vivido igualmente. Soubesse eu que as vidas andam sempre enganando, porém jamais escondendo o que uma espelha noutra. Soubesse mesmo eu que um sonho tem sua própria vontade, Deixaria ele viver por conta própria, e não sonharia em viver outra vida.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A dois passos do paraíso

O Fenômeno lembrado é sem limites. Alias, um acontecimento lembrado nada mais é do que o próprio fenômeno. Surge ali, uma vez mais e a cada vez, quente e mole, feito ao desfeito, pronto ao manejo. E desse mesmo jeito a história da lembrança - ou a lembrança da história - é sem limites. A história corre solta pelos campos Elíseos. Mas somente para aqueles dispostos a entrar de cabeça no jogo da vida. Aqueles dispostos a deixar desafiar os limites. Aqueles cujo o próprio mundo não é tão próprio quanto gostaria nem tão desapropriado quanto pensava. Um mundo ambíguo, mas transmissível. Um mundo de dois abraços, mas voltado sempre ao pungente esforço de tornar-se uno. Mundo onde realidade é um contexto. No Agora, o passado e o futuro estão sendo. Hoje, o passado, no futuro, serão vários. Todos eles prontos a te salvar. Seu presente é o que você faz do passado e o que projeta no futuro. No viver pleno da presença no presente, seu passado é um e é outro, conforme caminha. Para trás e para frente. Na diagonal ou em círculos. Seu futuro, também. Tendo de ser, você é. Mas possui a 'dádiva' de querer/poder ser o que gostaria de 'é'. Projetar-se. Assujeitar-se. Ser grande, pequeno, invisível. Indivisível. Compreende? Ser humano não é ser humano e ponto. Ser humano é ser humano ponto e vírgula, aonde em ser, tudo cabe. Aonde em ser, tudo enquanto possível, cabe. Não é loucura, não é relativo, não é caos. é o problematizar do possível a chave. E a fechadura.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Tanto faz

"E se eu fosse o primeiro
a voltar pra mudar
o que eu fiz
quem então agora eu seria...

Tanto faz.

O que não foi, não é.
Eu sei que ainda vou voltar...
...mas eu quem será?"

Rodrigo Amarante.

sábado, 11 de junho de 2011

Errante

"Vê: a compreensão oferece a felicidade em território melancólico
mas oferece também o boa noite ao acordar."

Sim! E se sonha com um lugar
Onde se pode ser indiferente a indiferença!
Esse lugar existe e eu vou para lá!

"Acorde, rapaz. Você não possui toda pureza, não adivinha o que vai encontrar e nem sequer sabe o que é amar!
Tudo que você sabe é apenas caminhar..."

Mas sei o que quero, sei da fidelidade
Sei do que é mentira e principalmente do que é verdade!

-

E ele andou, caminhou. Firme e lúcido...

...e no final de tudo, dele nada dependeu. Dele nada depende.
Dele, nada dele.
É o fim, é o precipício, é morto.

Sofre. É pranto e ponto.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Cisão

E sem meu perdão, sigo em frente...
...Mas sempre em mente o que mente o coração.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Devaneios noturnos

Em casa, na cama, mirando o teto, inquieto.
O sono que ali estava deu lugar a um sentimento estranho...
Sensação de perda. Perda de tempo, de vida, de espaço.
Em plena madrugada olhava os móveis repousados, calmos. E cada vez que atualizava essa calmaria em minha cabeça, sentia pontadas no coração.
Tudo a descansar marcava-me mais ainda o desassossego.
Os sons vindo da rua, dos carros, as vozes, os gritos das pessoas adentravam meus ouvidos e atravessavam a mente. Alguns tirando fino, outros porém indo em cheio em minhas memórias, excitando as sinapses virulentamente e causando a injustiça de alar o pensamento de um minado corpo.
Que pode aquele corpo? Que pode aquele ente?
Se por mais que ele queira algo, ele sabe que o efeito das suas ações só será sentido por si próprio. Que adianta? Se os pensamentos, meu e dos outros seres, não se entendem porque não se veem, não se tocam, não se cheiram. São universos, mundos distantes. Diversos.
Loucura querer misturá-los? Mas é só loucura o que fazemos. Se não, como estabelecer vínculos?
Somos feitos para enlouquecer. Ou melhor, somos o enlouquecer ativo. Somos aquilo que cria. Aquilo que está ai, no mundo. E isso deveria estar longe de ter um estatuto ruim para nós. Achamos ruim a angústia porque criamos e achamos que não criamos. Criamos e damos subsistência a criatura. E ela volta.
Volta de dia, volta de noite.
Na escuridão do quarto, essa heteronomia desperta. Com ela, a solidão, o desamparo.
E é lá, sozinho e estranho para aquela cama, com mãos quentes e pés gélidos, que tento me encontrar com tudo que criei.
E é lá, que durmo e acordo pra outro viver.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O antes do fim

O medo de conseguir é algo intrigante.
Intuir, preparar, fazer, deixar acontecer e...sentir medo da conclusão.
Sentir medo do sucesso.
Curioso esse movimento. Tão surpreendente quanto paradoxal.
Se a consagração é uma certeza, nesse caso, a certeza é de um refugo.
Mas para que fugir?
Que sentido há de ter tamanha covardia e sabotagem?
Um sucesso desmerecido? Um caminho sem volta?
Influir no mundo? Angariar responsabilidades?

Que medo é esse? Que limite é esse?
Medo de tudo ou medo do nada?

Receio de concluir, encerrar. Fechar e fechar-se, saber e saber-se...
...Ahhh, há mistérios demais nessa vida!

Mistérios suficientes para me inclinar a desistir de enxergar e cravar as respostas.
E nem menos, nem mais feliz,
Me satisfaço com o quase.

sábado, 7 de maio de 2011

Ser, sentir e pensar

Em algum momento e lugar no passado, de alguma forma, apareceu um Ser diferente de todos os outros. Dotado de capacidades singulares, dentre as quais era capaz de inventar e predicar.

A principio, viveu imerso numa imaginação que ocupava os vazios do desconhecido. No lugar da abstração, o puro experienciar em harmonia com o indagar-se sobre as coisas.

Com o passar do tempo, esses vazios passaram a ser preenchidos com aquilo que mais indubitável pudesse parecer e aparecer. A constância e regularidade das coisas foram factíveis de acalmar o agitado Ser que via nessas qualidades uma fidelidade, uma resposta sincera do mundo.

Dali em diante, a imaginação mudou seu lugar. Passou a ser o inútil da vida. Passou de exercício a hobby. De essência a um contemplar barrado, sempre advertido de que "aquilo não é a vida".
E assim segue. Reproduz-se um mundo sem porques. Um mundo pensado, e não vivido. A invenção foi destituída de sua semântica mais pura e se tornou um objeto bem delimitado.

E depois de tanto tempo de surgimento desse Ser estranho, o que estranha é o dar-se conta de que não se evoluiu. Ou, pelo menos, a sensação de que não se evoluiu aquilo que se esperava. A crença num controle, no fechamento de possibilidades, proporcionou a estes seres um degustar da vida. E só.

Para um Ser faminto como esse, é muito pouco.

Para um Ser sempre convocado e afetado, significar o que se sente já é tarefa árdua. Imagine adotar significados impessoais e impô-los? Já dizia Merleau Ponty: "O conceito inteiro e o pensamento objetivo inteiro vivem de um fato inaugural cuja expressão é: senti."
Ou seja, hoje se faz o caminho oposto. Já se "sabe" o que se sentiu. Está dado. É conhecido. Estudado e comprovado. Basta se desencobrir e adequar-se.

Empobrece-se a experiência e assalta-se os sentidos das existências.
E é dessa forma que caminha o Ser, em sua esteira moderna. Engessado e limitado.
Sem presença e sem lugar.
Da sua condição fundamental, foi - só - isso que conseguiu fazer. Estabeleceu uma atitude covarde e desconfiada com a experiência.
E quanto mais se pensa que o progresso está ligado naturalmente ao tempo, menos se compreende todo o sofrimento vigente.

Os vazios estão escancarados. E nunca estiveram tanto.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Autopoiese

Em certas horas me sinto tão angustiado, desamparado,
Melancólico...
O mundo parece correr mais rápido lá fora, e o tempo mais devagar aqui dentro.
A falta de respostas transbordam num n de perguntas.
A dor é uma e dói constante.
O calor incomoda, o frio também.
A luz é muita, o escuro não é suficiente.
O passado é somente fragrância e respirar é inevitável; só tristeza.

Nas certas horas, me encontro com a angústia e o desamparo,
Melancolia!
O mundo para e eu o vejo de cima.
E respondo as perguntas com perguntas
E a dor doi, mas não é doída.
O calor acomoda o frio
Assim como o escuro dispensa a luz que cega.
E o passado encontra o futuro,
Num agora cheio de vida; não só tristeza!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Potência de vida

"Vida e Morte não são o defeito, mas o efeito de nossa vida" C.A.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Paixão ad eternum

Uma grande paixão, mesmo muito frustrada em sua promessa ou tentativa, sempre permanece num canto bem especial do coração. Impossível ignora-la ou ser indiferente.

Não dá pra esquecê-la por um motivo simples e conhecido: a vida é finita. A paixão na ocasião da explosão, um período agitado de furor que distorce a percepção das coisas, que coloca o corpo e a alma em harmonia e muda o eixo dos acometidos. Um acontecimento com 100% de pureza do significado da palavra. instante raro e eventual, marco! Momento onde você certamente lá na frente vai se lembrar e pensar: Ajo assim e sou assim porque senti aquilo e vivi isso e aquilo com aquela pessoa. Uma fase que tem valor porque nos constrói, aponta sentidos e direções, pois somos o que experienciamos e como experienciamos. E ao mesmo tempo, tudo isso só é possível nessa curta vida! Só nela é que podemos nos apaixonar, sorver de toda emoção que é amar! É ou não sagrado? E isso, vez ou outra, retorna a nós. Vez ou outra percebemos, sentimos isso...

Assim, por mais sofrido que tenha sido, depois da tormenta, as lembranças tratam de ser justas com o acontecido. É a gratidão podendo ascender após dissolver o orgulho. Urge dentro de nós a raridade do momento, a finitude da vida, e como são fascinantes os caminhos das coisas. É por essas e outras que uma paixão é, e pra sempre é.

terça-feira, 15 de março de 2011

O destino do amor

Eu nasci, chorei.
Cresci e a vi.
Amei e sofri
Morri.
Voltei e não mais amei.
Embotei, endureci e insisti
mas a vi e senti
Morri, mas amei
Sofri mas cresci
Chorei e nasci
e do amor eu vivi.

O não ver para crer

São nos momentos de bem-vinda solidão que sinto algo especial do mundo. As vozes se tornam mais altas e conseguem tocar meu peito. Me sinto cheio de pensamentos querendo transcender sua comum dinâmica. Querendo respirar, falar, pensar, tomar vida. Querendo desabafar o segredo que guardam as coisas. E assim, no momento ideal e raro de alinhamento entre discrição e vontade, o presente me assalta e, antes de sequer cogitar, sinto uma presença, um surto paranóico que coexiste naturalmente com a certeza da loucura. É a aceitação do que é grandioso, a aceitação do desconhecido, que não necessita de hipóteses da verdade. Nesse lampejo, o que desconheço é um vazio cheio que me faz sorrir chorando. E torno a tomar bom afeto pela imaginação, pela fantasia, pelo paradóxo e pela vida. Estou pronto novamente para produzir e me renovar.