domingo, 12 de setembro de 2010

A certeza e a teimosia

Porque ainda te amo? Acho que arriscaria dizer que porque metade insiste e outra metade persiste.

Insisto - teimo - em te amar porque você não sabe metade do meu amor. Porque em grande parte amei sem sabedoria. Amor sem discernimento. Impossível possuir algo que você não conhece. Assim sendo, jamais fui senhor desse amor. Fui incapaz de mensurar a grandeza daquilo que acontecia só aos olhos de um e do outro. Tanto mais de fazer lutar por aquilo que queria. Mesmo assim, dentro dos limites que eu mesmo criei, amei com uma pureza impensável até então. Um sentimento que já não envolvia todo meu corpo há tempos e não soube como domar. Precisaria ser quase o mesmo. Não precisava mudar tanto. Não deveria mudar. Eu te quis por tanto tempo, te amava de longe até o momento que se tornou impossível conter. Mas não estava preparado para te amar de perto e, principalmente, não estava preparado para receber seu amor.

O amor, por outro lado, persiste - conserva-se. Difícil explicar porque. É de ordem do desconhecido, que foge completamente ao campo da linguagem, do raciocínio. É algo ligado ao instinto ou talvez ao mais oculto no desejo e sua história. Nem ao viver e lembrar dos nossos momentos de infinita intensidade é possível entender. Você é diferente. Tanto aos meus olhos, por essa harmonia de feições, de movimentos. Quanto ao meu corpo, pelo seu cheiro, calor, pelos. Talvez as coincidências exerçam alguma força. O quão natural foi a aproximação, quão natural foi o beijo, o quanto eu já sabia o molde do abraço ou o carinho no cabelo que você adora. Certamente isto conta e é igualmente certo que transcende ao nosso entendimento. Persiste e persistirá a vontade imensa de beijar somente a sua mão, o seu pezinho, a sua boca. Você persiste em mim.

Pode parecer que a insistência é muito mais fácil de lidar e cessar. Entretanto, o que persiste no meu peito me inspira, me é inofensivo e mais simples de reger. Já essa insistência intencional do meu amor me mantém a esperança, mantém a certeza - e tão logo a responsabilidade - de que não foi só faísca do fogo que persiste. Me deixa a latente vontade de recuperar aquilo que sei, já existiu. Não é nada fácil.

Mas eu insisto: o amor pode amadurecer. Algumas coisas, em verdade, não acabam e nem deveriam acabar. Você tinha razão...

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